A meritocracia como método para melhorar a Educação
Há mais de duas décadas, o Sepe denuncia os graves problemas da educação estadual no Rio de Janeiro. Baixos salários, turmas superlotadas, falta de infraestrutura e o aumento da violência no espaço escolar fazem parte do dia a dia de dezenas de milhares de profissionais que trabalham nas escolas estaduais espalhadas pelos 92 municípios do estado. Mas sucessivos governadores, inclusive o atual, Sérgio Cabral, sempre fecharam os ouvidos e as portas para o diálogo com a categoria: a principal ferramenta para que se possa iniciar qualquer mudança no quadro trágico da rede estadual do Rio de Janeiro.
Hoje, em vez do diálogo, o governo do estado resolveu investir no modelo da meritocracia, que se baseia em avaliações periódicas e num sistema de bonificação para escolas e profissionais “que produzem mais”, como se as unidades de ensino fossem fábricas, os profissionais autômatos e os alunos mercadorias. Os resultados não poderiam ser outros: o estado tem um baixo índice no Ideb (15ª colocação em 2011); redução de matrículas na rede pública e consequente aumento no setor privado. Uma pesquisa do Sepe, baseada em dados do Diário Oficial do estado, mostra que, de julho a outubro, sete professores por dia pediram exoneração da rede.
Agora, a Secretaria de Estado de Educação anuncia que vai implementar um sistema de avaliação da categoria, colocando um “tutor” em sala de aula para fiscalizar os professores. Com iniciativas como esta, o governo estadual tenta pôr a culpa nos professores pelo fracasso da sua política educacional. Ao mesmo tempo em que planeja colocar fiscais nas salas de aula, o governo do estado fechou dezenas de escolas supletivas e reduziu a grade curricular de 30 para 25 tempos semanais. Como melhorar resultados sob semelhantes condições?
Em 2012, os profissionais das escolas estaduais não tiveram reajuste, conforme determina a Constituição estadual. Para o ano que vem, a proposta de Lei Orçamentária enviada para a Alerj também não prevê reajuste para a educação. Por conta disto, o piso de um professor estadual é de R$ 1 mil — municípios muito mais pobres pagam mais do que isto!
Em setembro, o secretário de Educação, Wilson Risolia, foi até a Coreia do Sul para estudar o sistema educacional daquele país. Deveria ter ido à Finlândia, país europeu que tem um dos melhores resultados do mundo no setor, mantendo um sistema público, gratuito e de qualidade e que não aceita a utilização de nenhum dos métodos meritocráticos tão admirados por Risolia e pelo governador Sérgio Cabral. Segundo matéria publicada, recentemente, na revista “Seleções”, os resultados educacionais naquele país são tão bons que a reprovação se tornou uma coisa obsoleta.
Alex Trentino é coordenador geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino do Rio de Janeiro (Sepe)
A educação tem melhorado muito, deveriam parar de reclamar e ver também o que é feito.
ResponderExcluirVocê está em sala de aula para falar isto? O que existe atualmente é um sistema viciado, onde os alunos vem a escola, pasmem, para não estudar e onde os professores devido aos problemas encontrados pouca disposição possuem para ensinar. A prioridade da escola é obter indices elevados de aprovação. O problema é que estes indices não significam aprendizado. Nós professores não somos respeitados pela maioria dos alunos, (eu mesmo já sofri algumas ameaças), pelos responsáveis e principalmente por este governo corrupto que está ai que arrocha os nossos salários e tenta nos responsabilizar pelo fracasso do sistema educacional Professor que se enpenha em ensinar é taxado pela maioria dos alunos, de adjetivos como chato, nojento etc. Em muitos casos, as turmas fazem até abaixo-assinado para se livrar deste profissional e muitas direções cedem a estes desejos. Como fazer um trabalho decente nestas condições?
ExcluirMelhorado onde? Não no estado, não na minha cidade... talvez na Finlândia.
ResponderExcluirNem aqui no Rio de Janeiro, depois de 2 anos de Saerjinho, Saerj o número de alunos do 3º ano do ensino médio, analfabetos funcionais não diminuiu. As taxas de aprovação são forjadas, por uma grande parcela de professores inconsequentes, que só pensam nos bônus. Fim de ano tem diretora ameaçando os professores para aprovar de qualquer jeito. Está melhorando sim, para os políticos, que vão se garantir no poder com a ignorãncia da população e o aumento das suas contas nos paraísos fiscais.
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