Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


terça-feira, 15 de julho de 2014

Num país onde se associar e ler jornal é perigoso, imagine uma escola que funcione, que abra as pequenas mentes, que mostre outras versões, novas possibilidades. Imagine uma escola que ensine que não se pode aceitar o que é ruim, o estrago que não faz!

LEIA ISSO

Por: Mônica Raouf El Bayeh em 

NÃO LEIA ISSO! Pode ser perigoso. Caso insista, não diga que eu não avisei.

Segundo o chefe da polícia civil, Fernando Veloso, ter um mero jornal em casa já pode te ligar a ações violentas. Assovie, olhe para os lados, faça de conta que nada fez e delete este post, rápido, antes que seja tarde.
Ainda segundo Fernando Veloso, jornais, bandeiras, e outros materiais ditos inofensivos foram apreendidos porque ajudam a fortalecer a vinculação entre as pessoas que foram presas. Somos todos perigosos? Quando foi que viramos vilões? Eu me sentia tão inofensiva.
Temos uma espécie de polícia cartomante. Eles preveem o destino e prendem os meliantes, evitando que o pior aconteça. Só não previram que o safado que tramou o golpe dos ingressos ia fugir pela porta dos fundos junto com seu advogado.
Advogados, professores, menores, ainda estão presos sem motivo. O motivo é pelo que poderiam ter feito. Mas fizeram? Não, graças à uma ação rápida e preventiva, foram poupados de seus erros futuros. Num país onde não há política eficaz de prevenção na saúde, nem na educação, a segurança está bem à frente. Parabéns?
Pessoas foram cercadas na Praça Saens Peña, ícone da classe média tijucana. Impedidas de seu direito mais básico: o de ir e vir. Levaram bombas, ameaças, chutes e deboches. Olha, antes as cenas de violência eram longe, nas favelas. Achávamos que eram com ladrões, traficantes. Isso nos bastava, justificava tudo. Já nem sei mais se era mesmo. Agora é aqui na pista, como dizem os alunos. E pode ser com você.
Acho difícil ser policial. Trabalhar com o perigo, de cara com a morte. Sair sem saber se volta, com o medo do instante seguinte, a surpresa do que lhe aguarda. Eu não conseguiria viver assim. É uma vida bem difícil e, pior, mal remunerada, mal tratada e desvalorizada aos olhos de quem governa e aos olhos da população.
Conheço pessoas muito queridas que são da polícia. Protegem, sim a população. Se expõem diariamente. São honestos, dignos, bons de coração e excelentes seres humanos. Como em toda categoria, há os sem noção. São esses os que desprotegem, atacam, humilham a população e denigrem uma classe que só deveria merecer nosso respeito e admiração.
Muitas coisas que acabam como caso de polícia poderiam ter sido tranquilamente evitadas. Quer um exemplo? Eu estacionava meu carro quando vi, saindo de uma escola na zona norte, três menores. Um deles, com certeza, armado. Passou por mim ajeitando a arma na cintura. Foram tirados de dentro da escola pela própria diretora, porque as escolas municipais estão sem porteiros.
Você deixaria sua casa de portão aberto? Imagina seu prédio sem porteiro? Porque justo as escolas do município do Rio de Janeiro ficam ao léo, expostas a qualquer tipo de risco? Quem é o responsável por mais essa tragédia anunciada? O que se espera, que haja outra chacina para que os porteiros voltem? Depois da porta arrombada?
A falta de porteiros não é de graça. É o que eu acho. Já fizeram a conta do dinheiro economizado pela prefeitura enquanto os porteiros não voltam? Não? Façam. Quando há interesse real e boa administração não se deixa acabar um contrato impunemente. Não sem segundas intenções. Como poupar, por exemplo. E essa é mais uma economia porca e milionária.
Somos cercados de comunidades. Pessoas armadas circulam na vizinhança. Tinha que ter policiamento ostensivo, não tem. Tinha que ter detector de metal na porta. Não tem nem porteiro. Poupar às custas do risco de vida dos nossos meninos? Dos educadores, de todos os que trabalham nas escolas?
Agora tente, apenas tente, entrar na prefeitura sem se identificar. Veja se você consegue. Tente ir entrando no gabinete do prefeito e veja o que acontece. Educação virou terra de ninguém.
Outra economia astronômica é o não pagamento do décimo terceiro dos educadores. Os educadores foram descontados de todo o seu salário de uma única vez. Isso eu já contei aqui, é notícia velha. Esse desconto é inconstitucional porque impede a pessoa de levar dignamente seu dia a dia.
A grande esperança da classe era a saída do décimo terceiro. Mas, pasmem, sabem o que o prefeito fez? Descontou todo o décimo terceiro também. Crie a cena: você tem família, crianças, idosos, todos que dependem de você. Seu salário vem com tantos descontos que você ainda fica devendo? Vendo seus filhos passando fome, você não desesperava?
As dívidas se acumulam, você já não dorme mais de tanta angústia. Seu plano de saúde, que é também da sua família, é cancelado. Você sem dinheiro nem para comer, agora não pode ficar doente! Oi? Ministério Público, tem alguém em casa?
Experimente torturar ratos em laboratório, usar cachorrinhos fofos em experiências científicas. Vão pular no teu pescoço. Você será trucidado no Facebook. Eis que os educadores estão sendo torturados da forma mais vil e cruel pelo prefeito. Num cabo de guerra injusto e impiedoso. Tendo suas vidas e famílias postas em risco de vida, e nada é feito.
Cadê a justiça que não larga aquela balança e toma uma atitude?
Para os educadores, nem uma # no face, no twiter? Nem um #somostodoseducadores? Nada? Já fomos macacos, Neymar e outras tantas coisas que o valha. Olha que tem uns educadores que são bem fofinhos. #educadoresemperigodeextição não rola? Nem um esforcinho? Não rola uma ajuda?
Não vou forçar a barra, entendo esse pouco caso. Sabe porque os garis conseguiram as reivindicações e os educadores não? Analfabetismo não fede. Analfabetismo envenena como escapamento de gás, mata sem cheiro. Só se percebe tarde demais. Lixo não tem função social, mas o analfabetismo tem. Garante votos medíocres. Dá lucro.
Num país onde se associar e ler jornal é perigoso, imagine uma escola que funcione, que abra as pequenas mentes, que mostre outras versões, novas possibilidades. Imagine uma escola que ensine que não se pode aceitar o que é ruim, o estrago que não faz!

Fonte : EXtra 

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