Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Educação Estadual RJ e a Avaliação


Em primeiro lugar gostaria de dizer que não somos contra avaliação. O processo de ensino-aprendizagem tem como base a avaliação.

Segundo Luckesi, ..."a avaliação é uma apreciação QUALITATIVA sobre dados relevantes do processo de ensino-aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho”.

Em outras palavras a avaliação escolar é um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.

. Funções da avaliação escolar
a. Didática- pedagógica: refere-se à comprovação sistemática se as finalidades sociais do ensino, a preparação do aluno para a vida em sociedade, sua inserção no mundo globalizado e apropriação de condições para a participação ativa na vida social estão sendo compreendidas, ou os objetivos estão sendo cumpridos.

b. Diagnóstica: identifica os progressos e as dificuldades do educando e que permitirá ao educador traçar novas rotas para melhor atingir os objetivos
A etapa inicial, da função diagnóstica da avaliação, e a sondagem que ao verificar as condições prévias dos alunos, instrumentará o professor a melhor agir.
A função diagnóstica, ao avaliar a unidade didática lecionada, o bimestre ou o semestre cumprido, ou até o ano letivo, cumpre sim uma função de realimentação do processo de ensino, pois corrige as falhas desse processo, ou deveria corrigi-las.

c. Controle: refere-se aos meios e à freqüência em que as verificações (de certo modo avaliações) soa feitas, resultando no diagnóstico do cotidiano escolar.
O termo controle diz respeito à periodicidade e como são feitas as avaliações e se essa não tiver associada à função diagnóstica e didático-pedagógica da avaliação, ficará restringida à simples tarefa de atribuição de notas e classificação.

Professores que ainda reduzem as avaliações à cobrança daquilo que o aluno memorizou e usa a nota obtida pelo aluno somente como instrumento de controle (usada aqui com o seu significado mais primitivo que é o de controlar propriamente dito) produz afirmações falsas como:

- “O professor X é excelente, reprova mais da metade da classe”; “O ensino naquela escola é muito puxado, poucos alunos conseguem aprovação”. O pior é quando o professor acha que tem o poder de aprovar ou reprovar. Tudo isso são equívocos do ensino.

Avaliação como recompensa aos “bons” alunos e punição para os desinteressados ou indisciplinados, onde as notas transformam-se em armas de intimidação, dispensa, por parte do professor, de verificações parciais no decorrer das aulas e a recusa de qualquer quantificação dos resultados, através das usuais provas, que conforme alguns educadores, levam à ansiedade, à inibição e ao cerceamento do crescimento pessoal do aluno, são equívocos que deveriam ser evitados para que a avaliação tenham efeitos positivos no processo ensino e aprendizagem.

. Características da Avaliação Escolar:

a. Reflete a unidade: “objetivo/conteúdo/método: o aluno precisa saber para o que estão trabalhando e no que estão sendo avaliados e quais serão os métodos utilizados.

b. Revisão do plano de ensino: ajuda a tornar mais claro os objetivos que se quer atingir, onde o professor à medida que vai ministrando os conteúdos vai elucidando novos caminhos, ao observar os seus alunos, o que possibilitará tomar novas decisões para as atividades subseqüentes.

c. Desenvolve capacidades e habilidades: uma vez que o objetivo do processo ensino e aprendizagem é que todos os alunos desenvolvam as suas capacidades físicas e intelectuais, sua criticidade para a vida em sociedade

d. Ser objetiva: deve garantir e comprovar os conhecimentos realmente assimilados pelos alunos, de acordo com os objetivos e os conteúdos trabalhados.

e. Promove a autopercepção do professor: permite ao professor responder questões como: Os meus objetivos são claros? Os conteúdos são acessíveis, significativos e bem dosados? Os métodos são os mais apropriados aos meus “clientes”? Auxilio bem os que apresentam dificuldades de aprendizado?
Concluindo, avaliação é um processo que possibilita um ganho enorme para o processo ensino e aprendizagem, uma vez que, tanto o aluno e a instituição escolar envolvidas, terão a possibilidade de corrigir os seus rumos, melhorando a eficiência e a eficácia do ensino em geral."(1)

Portanto, o que questionamos não são as avaliações em si, mas a forma com são propostas atualmente.

Pois bem, a SEEDUC-RJ, propõe a avaliação externa como uma forma de diagnosticar os problemas que levaram o Rio de Janeiro ao penúltimo lugar no IDEB e de corrigir as possíveis falhas através de um Plano de Metas. Seria louvável se isto não representasse um mecanismo para mascarar os reais problemas que assolam a educação estadual. E porque digo isto? Primeiro, porque não houve uma ampla discussão com os profissionais de ensino sobre o assunto. O plano foi criado de cima para baixo. Segundo,tem como base, a implementação de um modelo meritocrático, porque está atrelado a um sistema de bonificação que (não funciona e nunca funcionou em educação) gera disparidades e injustiças, na medida em que o Estado não se mostrou competente para realizar tais avaliações e se confunde com política salarial desvantajosa para os profissionais. Terceiro, que para avaliar é preciso criar condições e diretrizes do que se pretende. Pergunte a qualquer professor quais são os principais problemas atuais em nossa rede de ensino...baixos salários, deficit de professores, falta de projeto político-pegagógico, escolas com problemas de infra-estrutura, falta de continuidade dos projetos que funcionam, salas superlotadas, violência, carga horária insuficiente, etc. A grande maioria dos problemas estão relacionados ao próprio papel de nossos governantes e "gestores" que insistem em andar na contra-mão do que apontam os profissionais da educação. Enfim, o modelo criado para "salvar" a educação de nosso estado sem o suporte necessário para que isto ocorra, está longe do que seria o ideal. Então aproveito aqui, para apresentar o PLANO DE METAS elaborado pelos profissionais da Educação:

"META 1: NENHUMA CRIANÇA SEM ESCOLA:
. Construção de escolas e garantia de atendimento em todas as etapas de ensino.
. Diminuição do número de alunos por turma (20 alunos nas séries iniciais, 25 nas demais).

META 2: NENHUM ALUNO SEM PROFESSOR:
. Concurso imediato para todas as disciplinas.
. Retorno imediato da matriz de 30 tempos e ampliação gradativa da grade curricular.
. Ampliação gradativa do horário de permanência dos alunos na escola

META 3: NENHUM PROFISSIONAL DESVALORIZADO.
. Valorização salarial e profissional.
. Antecipação de todas as parcelas da Incorporação do Nova Escola.
. Reajuste emergencial de 26%.

META 4: NENHUM PROFESSOR SEM ESCOLA.
. Lotação dos professores em apenas uma escola.
. Fim da perda da lotação por motivo de licença médica.
. Lotação dos Docentes II sem perda de direitos.

META 5: NENHUMA ESCOLA SEM FUNCIONÁRIO.
. Concurso imediato para funcionários administrativos.
. Fim da terceirização.
. Revisão do quantitativo de funcionários, respeitando o tamanho e o número de alunos de cada 4
unidade.
. Normatização das tarefas de cada setor administrativo
. Pagamento imediato dos enquadramentos por formação do magistério
. Pagamento imediato do adicional de qualificação para todos os professores.
. Garantia do direito à licença-prêmio.

META 6: NENHUM PROFISSIONAL SEM DIREITO À FORMAÇÃO.
. Licença remunerada para estudos
. Convênios com Universidades públicas para formação continuada de professores e funcionários

META 7: NENHUMA ESCOLA SEM ESTRUTURA.
. Construção de quadras poliesportivas em todas as escolas
. Construção de bibliotecas em todas as escolas

META 8: NENHUMA EDUCAÇÃO SEM DEMOCRACIA.
. Processo de escolha do dirigente escolar através de consulta direta
. Garantia de grêmios livres
. Autonomia das equipes pedagógicas para criação\implementação dos Projetos Pedagógicos

META 9: NENHUM EDUCADOR DISCRIMINADO.
. Ato de Investidura para os Animadores Culturais.
. Paridade para Aposentados.

META 10: NENHUMA ECONOMIA NOS INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO.
. Ampliação dos recursos destinados à educação estadual, elevando até 35% de todas as receitas do  estado aplicadas exclusivamente na educação estadual."(2)

Fontes:(1) http://pt.shvoong.com/books/guidance-self-improvement/1806155-avalia%C3%A7%C3%A3o-da-aprendizagem-escolar/#ixzz1QWvjnqhX
             (2)http://www.seperj.org.br/admin/fotos/biblioteca/biblioteca24.pdf sample
Texto  publicado pela Profª. Sandra Borges no site na SEEDUC em 27 de junho de 2011

2 comentários:

  1. gostaria de saber se a.s.g que tem ensino medio completo vai receber igual ao salario referente a ensino medio ou vai receber referente ao fundamental ,desde já agradeço!

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  2. Concordo em número com você, professora Denize. Hoje estava conversando sobre esse assunto com outro professsor que trabalha comigo. Ainda não chegou um Governador que realmente olhasse com carinho a Educação. Mas dentre todos os Governadores que já tivemos, Sérgio Cabral é o mais vil e asqueroso que já vi. Não só não investe, como ainda pisoteia nossas cabeças sem dó. E o que mais me indigna que até a presidente apóia os devaneios dele, o que o deixa com o ego mais inflado. Torço piamente que um dia a justiça seja feita e que a punição seja breve. Obrigado pelas boas palavras que você nesse texto. Nos alenta apesar dos infortúnios passados nesta tão bonita e tão maltratada profissão. Apesar dos pesares, sabe o que me faz não desistir de ser professora? É o reconhecimento que temos do nosso aluno pelo que fazemos por ele, é isso que me faz saber que minha luta nunca será em vão. Abraços carinhosos.

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