Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


domingo, 22 de junho de 2014

OS “300 DO SEPE” ACREDITAM QUE A EDUCAÇÃO LIBERTA. E NINGUÉM conseguirá arrancar essa convicção de seus corações. EU ACREDITO QUE A EDUCAÇÃO LIBERTA.

Texto em apoio ao meu companheiro, prof. Gustavo Motta e aos "300 do SEPE"
A luta pela educação pública de qualidade e pela valorização de seus profissionais hámuito vem sofrendo ataques e duras repressões. Na greve do RJ no ano passado, unificada entre professorxs do estado e município, muito se avançou na luta, nas estratégias de mobilização, consequentemente a reação do Estado foi dura com seu braço fascista armado de cassetetes, bombas e balas.
Esse ano novamente a greve unificada está ai. Muitas vitórias: fechamento de ruas, ato no aeroporto Galeão que teve grande repercussão. E a repressão mais uma vez foi a altura da revolta. Muito tiro, porrada e bomba, e detenções... Professorxs em estágio probatório sendo exonerados, abertura de Inquéritos Administrativos por abandono de cargo, retirada de professorxs grevistas do quadro de horários das escolas... É A CLARA CRIMINALIZAÇÃO DA LUTA PELOS DIREITOS DXS TRABALHADORXS.
Como alguns sabem, meu companheiro Gustavo Motta, é professor de geografia do estado RJ. Com duas matrículas, ele já pelejou muito. Trabalhava na baixada, morando na Região Oceânica (Niterói), por mais de um ano ele dormiu (muitas vezes sozinho) em um Ciep de Austin. Com seu isolante térmico e saco de dormir, ele dormia no auditório do colégio. Ele demorava tanto tempo se deslocando (RO-Austin) que era melhor dormir no colégio do que ir em um dia e voltar no outro. Ao mesmo tempo, dando aula em um colégio de Itaipu, o Colégio Professora Alcina Rodrigues Lima (CEPARL). No Alcina, ele começou SOZINHO um projeto de Agrofloresta em um espaço que era destinado a entulho de obras. Enfrentou o preconceito de outrxs professorxs, muita oposição. Conseguiu financiamento do PDE para o projeto “Mudas para mudar”. SUOU, RALOU, TRABALHOU MUITO!!! Gustavo fez uma dissertação de mestrado sobre a agrofloresta e a ressignificação do espaço para xs alunxs. Ele trabalhava em Austin, Itaipu e ainda frequentava as aulas da UFF e seu projeto de pesquisa. MAIS RALAÇÃO. Obviamente, o projeto não é dele, é de todxs, agora a Agrofloresta está consolidada e tem seu espaço conquistado e resignificado. A Agrofloresta tem reconhecimento enorme, por esse trabalho Gustavo participou do programa “Salto para o Futuro” da TV Escola, e a escola já foi matéria de alguns jornais como exemplo em educação ambiental e sustentabilidade. Atualmente, o colégio ALCINA é referência na Região Oceânica de Niterói, tendo como “chamariz” o projeto de Agrofloresta que ele iniciou.
Agora, ele está com as duas matrículas no Alcina. Participou das greves, e atualmente é um dos “300 do SEPE” como ele mesmo diz (analogia ao filme “300 de Esparta”, mas que na realidade são muito mais de 300 professores em greve). Participa ativamente das greves, ano passado ocupou a Secretaria de Educação, se radicalizou tanto na luta que a situação no colégio tencionou muito mais. Com xs alunxs, ele faz o trabalho de base, incentivando a galera a criar o grêmio, que claro tem a oposição da Direção.
Ele fez muito pelo colégio, pelxs alunxs, porque ele ACREDITA NA EDUCAÇÃO, que A EDUCAÇÃO LIBERTA. Nas greves, acorda de madrugada para percorrer escolas, participa de atos, da resistência. Nas greves, eu posso falar, ele sempre se ENTREGOU DE CORPO E ALMA, ASSIM COMO MUITXS OUTRXS GUERREIRXS.
Falo aqui do Gustavo, porque eu acompanhei esse processo, o esforço dele, sua luta. Mas quantxs outrxs? Que estão sendo perseguidos por lutarem por seus direitos? Por lutarem por sexs alunxs? Sofrem assédio moral, são sacaneados pela direção, pelos seus próprios colegas não grevistas...
E agora... O Gustavo Motta, e todxs os grevistas, correm o risco de ficarem sem salário, serem transferidos para outros colégios (alguns/algumas já foram) e na pior das hipóteses, sem emprego. Estado de merda. Democracia é isso? Em ano de eleição, há quem diga que “as mobilizações devem ser nas urnas”. Esse governo foi eleito “democraticamente”. Não nos deixemos enganar, quanto maior a revolta, maior a repressão, maior a marretada.
A Direção do Colégio que só se beneficiou com a luta e o suor expõe a Agrofloresta como um troféu. Mas agora que não é mais oportuno, não vale mais estar ao lado desse professor. “Ele é grevista, eu não posso fazer nada.” ”Estou cumprindo ordens, ordens da SEEDUC, não posso fazer nada.” Que na realidade, quer dizer isso: “O colégio já é referência mesmo, ainda mais que ele fica incitando xs alunxs contra a Direção.”
E nesse processo, há muito que se perder. MAS NÃO PERDEM APENAS NOSSXS PROFESSORXS. PERDE A ESCOLA, SEXS ALUNXS, A COMUNIDADE, NÓS TODXS PERDEMOS.
Em tempos de Copa, algumas/alguns afirmam que não é brasileiro quem não torce pelo Brasil. E ser omisso contra a luta pela educação pública de qualidade é ser brasileiro? ”Ser brasileiro com muito orgulho” é bonitinho ser na Copa. Mas ser cidadão que luta por seus direitos com muito orgulho já é demais.
Mas eu não aceito o silêncio. Do Estado eu espero só exploração e pancada quando não aceitamos a exploração! Prefiro acreditar que a Copa está abafando todas as notícias sobre xs grevistxs. Seremos brasileiros também para lutar pela educação? Para lutar por nossxs educadorxs? Vocês, PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUE NÃO ESTÃO EM GREVE, VOCÊS VÃO ACEITAR SEMPRE TUDO? Aceitar tomar pancada atrás de pancada e acreditar que sempre foi assim e sempre vai ser? Que existem outras formas de lutar? Ficarão contra ou se omitirão enquanto seus colegas de categoria são humilhados e retaliados pelo ESTADO? Vocês farão parte do coro que apedreja a vanguarda da luta?
A semente foi jogada no solo. É certo que ela germinará. Mas O QUE FAZ O SILÊNCIO PERANTE AS INJUSTIÇAS? OS “300 DO SEPE” ACREDITAM QUE A EDUCAÇÃO LIBERTA. E NINGUÉM conseguirá arrancar essa convicção de seus corações. EU ACREDITO QUE A EDUCAÇÃO LIBERTA. Mas NÃO essa educação mercantilizada, confinando xs alunxs dentro da sala de aula, cumprindo o livro didático. A EDUCAÇÃO que estimula o senso crítico e a reflexão sobre nossos exploradores, e a importância da luta, ESSA SIM É EMANCIPATÓRIA. E a luta por ESSA EDUCAÇÃO incomoda ao Estado, aos conformistas, ao Sistema.
Para o Gustavo, meu querido, só tenho a dizer que estamos juntxs, em tempos fáceis e principalmente nos difíceis. Eu te admiro e seja do jeito que for, seguiremos em frente de cabeça erguida!
A luta de vocês, profissionais da educação em greve, ajuda a mim e a muitxs outrxs a acordar cedo e lutar contra a educação mercantil, a hipocrisia e as explorações!
Texto : Luíza Alencatro – Docente EaD CEDERJ (Facebook)
“Enquanto eu acreditar que a pessoa é a coisa mais maior de grande, eu vou cantar!”



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