Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Um terço dos Coordenadores da Educação é apadrinhado por deputado.


RIO - Ao anunciar na semana passada a implementação de um plano instituindo o sistema de meritocracia na escolha dos diretores das escolas, a Secretaria estadual de Educação começa a mexer num território historicamente tomado pela política. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), pelo menos 13 deputados teriam influência na indicação de cargos para dez coordenadorias regionais de ensino, o equivalente a um terço do total. Os parlamentares negam.

- A indicação dos coordenadores é muito visada por envolver questões importantes, como a contratação de funcionários terceirizados e o fornecimento de insumos para a merenda - diz a coordenadora-geral do Sepe Beatriz Lugão.

Diretora diz que vive amedrontada por pressões

A própria Secretaria de Educação admite que as nomeações dos diretores das escolas costumavam ser passadas diretamente pelos coordenadores regionais. A partir do novo plano, anunciado anteontem, os coordenadores atuais serão substituídos por profissionais que passarão por um rígido processo de seleção, com provas e entrevistas. Os diretores das unidades, no entanto, não serão mudados imediatamente, com exceção de 28 cargos vagos. Mas, se não atingirem metas, podem perder a função.

Apesar de o sindicato citar a influência dos deputados, o assunto é tabu entre os profissionais das escolas. Uma diretora do interior, que pediu para não ser identificada, contou que chegou a ser exonerada por pressão do político local. Ela foi readmitida após apelos da comunidade, mas diz que não consegue trabalhar em paz:

- Hoje, vivo amedrontada, quem não entra no esquema, de ceder funcionários terceirizados para fazer campanha ou comprar com um determinado fornecedor, é ameaçado. Às vezes, fico revoltada e ameaço denunciar: já me mandaram cem quilos de pão podre, aquilo foi um absurdo - diz ela.

Na gestão de Sérgio Cabral, o primeiro secretário de Educação, Nelson Maculan, tentou a mudança das nomeações para eleições diretas, sem sucesso. Ao assumir, Tereza Porto também falou em primar pela gestão eficiente, mas não concretizou um plano de mudança.

O mapa das indicações elaborado pelo Sepe cobre diversas regiões. Em Niterói, o sindicato aponta o deputado estadual pelo PT, atual secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves, como o responsável pela sugestão de cargos. Em São Gonçalo, aparece a deputada estadual Graça Mattos (PMDB). Na Zona Oeste do Rio, o deputado estadual Coronel Jairo (PSC); e, na região em torno do município de Mendes, o federal Hugo Leal (PSC). Todos negaram qualquer influência, sendo que Leal ainda ameaçou processar o sindicato por causa da informação.

Apontado pelo Sepe como um dos responsáveis por indicações de profissionais em Campos, o deputado estadual Wilson Cabral (PSB) afirmou que só nomeia funcionários para o seu gabinete na Alerj. No entanto, disse que apoiou pessoas que conhecia e que foram nomeadas pelo governador.

- Apoiei escolhas do governador, das pessoas de quem conhecia o trabalho - disse o deputado, afirmando ser favorável às mudanças implementadas pela Secretaria de Educação.

Ainda em Campos, o Sepe afirma que o deputado federal Arnaldo Vianna (PDT) também possui influência. Vianna não retornou a ligação. Outro deputado federal, Nelson Bornier (PMDB) teria escolhido diretores para Nova Iguaçu, segundo o sindicato. Por meio da sua assessoria, Bornier, que é ex-prefeito do município, negou a acusação. E acrescentou que não tem qualquer aliado trabalhando no governo Cabral.

A assessoria do gabinete do deputado Marcelo Simas (PSB) confirmou que ele fez uma indicação no início do primeiro governo Cabral. Mas o profissional escolhido para trabalhar em São João de Meriti já foi substituído e, desde então, o parlamentar diz não ter feito mais indicações. No mesmo município, o Sepe aponta também o deputado Iranildo Campos (PR) como outro político com ingerência na nomeação de diretores. O PR hoje faz parte da oposição ao governo na Alerj.

Para o Sepe, os deputados Dica (PMDB) e Geraldo Moreira (PTN) são os responsáveis pelas indicações no município de Caxias. Eles foram procurados, mas, segundo assessores, devido ao recesso parlamentar, não foram localizados. Em Volta Redonda, os cargos seriam, segundo o sindicato, indicações do deputado Nelson Gonçalves (PMDB). Ele também não foi localizado para comentar o caso. Na região de Saquarema, foi apontado o futuro presidente da Alerj Paulo Melo (PMDB). Ele não retornou as ligações para comentar a informação.

fonte: jornal O Globo 09/01/2011

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