Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


terça-feira, 24 de maio de 2011

Professor do Estado do Rio de Janeiro desabafa

Sou professor do Ensino Médio no Estado do Rio de Janeiro e nossa situação é quase idêntica a que foi colocada.

Eu digo quase porque temos alguns agravantes que passo a relatar:

1 – Recebemos alunos oriundos do Ensino Fundamental que muitas vezes sequer sabem ler e, quando sabem, não conseguem entender o que leem.
2 – O Governador prometeu, na campanha do primeiro mandato, colocar na Sec. Est. De Educação pessoas oriundas da Educação. Já está no segundo mandato e NUNCA cumpriu a promessa. Ao contrário disto, colocou pessoas com formação técnica que estão tratando a Educação como um número a ser melhorado esquecendo que Educação está ligada a área de Ciências Humanas, ou seja, lida com gente, pessoas.
3 – O Governador pinta, à frente das luzes e câmeras, um cenário maravilhoso pra nós mas, nos bastidores, estamos sendo humilhados, ameaçados e fiscalizados. Na verdade, está sendo imputada a nós a culpa pela situação da Educação no Rio de Janeiro e, da mesma forma, colocada sobre nós a responsabilidade por reverter esta situação.
4 – O mesmo Governador, ainda na primeira campanha, prometeu incorporar aos salários a gratificação chamada de “Nova Escola” mas somente no final do primeiro mandato apresentou um plano de incorporação em parcelas que só será concluído em 2015. O lado mais sórdido disto é que os professores que já recebiam esta gratificação não estão ganhando nada além do que já ganhavam e estão condenados a ficar sem aumento até 2015.
5 – Ainda na frente das câmeras, o Governador diz, por exemplo, que “os professores ganharam notebooks” fazendo o público acreditar que TODOS os professores tem notebooks e que estes foram dados. Isto está longe de ser verdade. Nem todos os professores receberam o notebook e os que receberam tiveram que assinar um termo se comprometendo com a devolução em caso de aposentadoria, exoneração e até mesmo licença médica por mais de 90 dias. Assim sendo, não ganhamos nada.
6 – O Plano de Metas que será usado para calcular uma possível gratificação tem aberrações que tiram pontos das escolas como:
a) Índice de alunas grávidas (como se nós tivéssemos como determinar o que cada aluna pode ou não fazer com o seu corpo).
b) Índice de alunos(as) que apresentam problemas de envolvimento com drogas (como se nós pudéssemos entrar em sala e perguntar: “Quem aí usa drogas????”).
Como se não bastasse, o tal plano tem por objetivo indireto, colocar professores e profissionais de ensino uns contra os outros. Explicando: Se um professor falta muito, mesmo que o diretor faça o que deve ser feito (registrar a falta, dar advertência, etc). a escola perde pontos e, consequentemente, todos as pessoas lotadas na escola perdem.
7 – A evasão escolar está sendo usada apenas para o que o Governo chama de “Otimizar turmas”, ou seja, extinguir turmas com MENOS DE 30 ALUNOS formando turma com até 50-60 alunos.
A consequência disto, além é claro da queda de qualidade das aulas e aproveitamento dos alunos, e a perda de carga horária do professor fazendo-o procurar a Coordenadoria para conseguir alguma escola para complementar a sua carga.
Neste caso, na maioria das vezes ele acaba tendo que mudar sua rotina radicalmente e se for assim ainda tem que dar graças a Deus pois como o processo se otimização acontece em toda a rede, são muitos os professores com carga horária “roubada” e muitas escolas com turmas “otimizadas”
É o Governo diminuindo a carência de professores pela diminuição do número de turmas (algo como acabar com a pobreza matando os pobres).
8 – Como não poderia ficar de fora, temos também a questão do salário. Um professor recém empossado tem como salário líquido R$ 681,44. Somente no início deste ano letivo passamos a receber auxílio para transporte e mais nada.
O Governo vem falando de um auxílio cultural mas até agora nada está certo.
Quanto à alimentação, vale o que foi dito no seu programa. Oficialmente o professor é PROIBIDO de se alimentar com o que é servido aos alunos.
Mas não recebemos nenhum auxílio alimentação…

Enfim, estamos vivendo uma crise geral onde nós professores nos vemos pressionados, sem recursos, sem dinheiro, sem futuro, sem apoio da sociedade, sem qualidade de vida, sem convívio familiar.... resumindo, vivendo sem vida.

Enviado ao Programa do Faustão em ocasião da fala da Profª Amanda Gurgel

Um comentário:

  1. Conheço a luta dos professores, principalmente dos professores do estado do Rio, que trabalham diariamente sob tensão e muita falta de reconhecimento, principalemnte do poder público!

    Reconhecer que os mestres são os heróis do dia a dia, não é nada mais que nossa obrigação, principalmente de quem, através de suas mãos, aprendeu valores que traremos para TODA a vida!

    Parabéns pela postura!
    Estou seguindo e lincando o blog de vocês!

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