Na Luta pela Escola Pública

Este blog pretende criar um espaço para informações e discussões sobre Escola Pública na Região dos Lagos, com destaque para o município de Cabo Frio.

O nome “Pó de Giz” é tomado, por empréstimo, do antigo time de futebol dos professores do Colégio Municipal Rui Barbosa. Um colégio reconhecido por sua luta pela educação pública de qualidade. Um lugar onde fervilha a discussão educacional, política e social. Colégio que contribui de maneira significativa na formação de seus alunos, lugar onde se trabalha com o sentido do coletivo.

O " Pó de Giz" é uma singela homenagem a essa escola que tem um "pequeno" espaço educacional, mas corajoso e enorme lugar de formação cidadã.


sábado, 30 de julho de 2011

Não tenha medo das ameaças nas escolas - Diga NÃo ao Assédio Moral!


Na greve de 2009, eu trabalhava em uma escola estadual com alunos e alunas do Curso Normal. Exercia minhas funções no laboratório de informática, como Orientadora Tecnológica e em turma, com aula exta (GLP). Após recesso de julho e duas semanas de aulas suspensas, pela gripe suína, iniciamos greve pelo envio de mensagem do governador em que ameaçava a conquista dos 12% entre níveis com a desculpa da incorporação do Nova Escola.
Aderi ao movimento, que durou cerca de 12 dias. No início da segunda semana, telefonei à escola para confirmar se estava sendo notificada minha opção pela greve em meu ponto (o Estado tem código específico para greve - 61), obtive a informação pela diretora adjunta que sim, estava sendo anotado em meu ponto código 61. Nesse mesmo telefonema foi-me informado que a partir daquela semana meu nome seria retirado das turmas de aula extra. Eu sabia que isso iria acontecer, mas esperava que, terminada a greve, ainda não tivesse sido substituída, coisa que realmente aconteceu. A greve soi suspensa, no dia seguinte ao telefonema. Retornei, normalmente, à escola e para minha surpresa, mesmo sem profissional que me substituísse, fui impedida de entrar em sala. Procurei a direção que me disse claramente que eu não poderia entrar em sala de aula por ter feito greve. Disse-me que por ser professora faltosa não teria mais as aulas extras. A direção considerou-me faltosa pelos dias de greve. Fiquei ainda mais abismada quando me foi dito que recebi código 61 em minha matrícula e código 30 (falta não abonada) nas aulas extras. Ou seja, sou duas pessoas. Faço greve e falto ao trabalho no mesmo momento. Depois dessa atitute arbitrária, procurei a Coordenadoria das Baixadas Litorâneas I, não obtive ajuda, apenas foi-me dito que o diretor cumpria ordens superiores e que era o que tinha que ser feito. Meus alunos e alunas permaneciam sem aulas. A direção me disse que entre ficarem sem aulas e terem aulas comigo, uma professora que faz greve, era preferível ficarem sem aulas. Fui até o Superintendente de Pessoas, no Rio. Já se passava mais de 1 mês do ocorrido. Conseguiram, depois desse tempo, que uma professora substituísse parte das aulas. Nada conseguia reverter a punição injustamente imputada a mim. O departamento jurídico do SEPE iniciou um processo na justiça e foi determinado pelo juiz, através de mandado de segurança que me fosse devolvida minhas aulas. O diretor não acatou o mandado e só depois de liminar, com multa diária, pude ver devolvidas minhas aulas.
Não abaixei a cabeça e não recuei diante das inúmeras situações de constrangimento que passei. Quem trabalha na rede estadual sabe que, os que não são amigos do diretor não conseguem as "benesses" ou "migalhas" oferecidas ao funcionário do estado. Essas benesses vão desde um horário de trabalho privilegiado, a oferta de aulas extras até a benevolência com faltas/atrasos, entre coisas.
A situação vivida foi extramente desgastante. O abalo psicológico foi imenso. O exemplo aos colegas e aos meus alunos e alunas é o de que a luta por meu direito era um caminho espinhoso a ser trilhado. Eu precisava suportar, não sem dor, esse desafio. Consegui resistir até o fim.
A partir do novo ano, retirei-me da escola que escolhi para trabalhar, escola que me formou e que agora me despedia. Não houve outra alternativa.
Agradeço aos que estiveram ao meu lado ajudando a suportar mais de 5 meses de angústia e ao Sindicato pelo apoio jurídico.

Denize Quintal Alvarenga

Clique no link para a cartilha do SEPE contra o Assédio Moral nas Escolas

2 comentários:

  1. Parabéns pelo seu exemplo! Uma vitória contra uma situação, infelizmente, tão comum nas escolas estaduais.
    Apesar dos poucos comentários de solidariedade
    às denúncias apresentadas neste blog, tenho certeza que servem de inspiração e força para continuarmos na luta contra essas direções que tanto nos envergonham e que não são dignas do cargo que ocupam.

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  2. Denize, ótimo resgatar esse exemplo de luta que foi o ocorrido em 2009. É um exemplo que demonstra ser possível conquistar vitórias quando se luta de maneira intensa e dedicada. Grande abraço!

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